Um olhar da indústria Home & Personal Care sobre a situação enfrentada com a Covid-19
Em meio a uma situação de crise enfrentada mundialmente, muitas empresas moveram ações em prol da saúde pública, desenvolvendo em tempo recorde produtos acessíveis e que levassem aos consumidores maior sensação de proteção e segurança.
Diante de um cenário de incertezas vivido em tempos de pandemia, o consumidor da indústria home & personal care buscava se proteger através da contenção do contágio com produtos essenciais. Passado algum tempo de sentimentos de medo, insegurança, do distanciamento social e em uma realidade mais “dentro de casa”, junto à essas necessidades surgiu também a busca por sensações como bem-estar,alegria e liberdade.
Na indústria, diversas equipes trabalham em conjunto desempenhando suas funções para entregas de produtos de sucesso: marketing, inovação, pesquisa e desenvolvimento, sensorial, qualidade e tantas outras. Mas, afinal, de que maneira a ciência sensorial pode atuar na criação desses produtos em uma situação de crise, como esta vivida com a Covid-19?
O profissional desta área precisa se manter constantemente atualizado sobre as tendências que movem os setores, a população e seu público-alvo, quais causas estão em alta e, principalmente, quem é o consumidor do produto que se deseja comercializar e quais são suas necessidades e expectativas.
Em marketing, se diz que é necessário buscar o foco do consumidor, isto é, olhar sob sua ótica, entender, de fato, suas necessidades e desejos. Só então é possível trabalhar com ideias e propostas que o atendam e que contribuam para uma entrega de sucesso.
Este entendimento se faz essencial para o profissional da ciência sensorial, pois é utilizado como ferramenta para construção de questionários que irão avaliar a percepção dos consumidores sobre os produtos em desenvolvimento, seja através de perguntas de adequação ao conceito, por exemplo, ou entendimento sobre aceitação, preferência e sensações que os produtos transmitem.
Ao observar os últimos tempos vividos com a pandemia, um dos produtos mais trabalhados pelas empresas foi o álcool em gel, que se tornou essencial no combate ao vírus e manutenção da assepsia dos indivíduos. Porém, com a percepção de que seu uso prolongado ressecava a pele, surgiram no mercado produtos que exploravam o sensorial tátil, prometendo uma higienização “menos agressiva”, combinando, portanto, sensações de segurança e bem estar. Neste sentido, a sensorial pode atuar através da avaliação de matérias primas aplicadas ao produto base, identificando os componentes e proporções que garantem o melhor resultado. Também foram lançados produtos com novas propostas olfativas, que buscavam fugir da simples sensação de higiene reforçando conceitos emocionais, tão importantes neste período.
Nas indústrias home & personal care, o olfato é expressivamente explorado na experiência sensorial dos produtos. As fragrâncias são trabalhadas de maneira muito importante por fornecedores especialistas, que traduzem os referenciais de tendência em emoções, permitindo que uma mesma categoria de produto, como um desinfetante, por exemplo, possa transmitir tanto a convencional sensação de eficiência na limpeza, através das notas olfativas mais técnicas (aldeídicas, aromáticas, cítricas) mas também, emoções como alegria e bem-estar, através de fragrâncias com notas mais facetadas e modernas.
Não existe a fragrância ideal, mas um universo de possibilidades que cabe ao cientista sensorial avaliar junto ao consumidor, combinando conceitos de produto, marca e os propósitos daquele desenvolvimento e aplicando o teste adequado que irá indicar a escolha mais assertiva.
Em suma, independente do contexto vivido, a sensorial irá atuar ouvindo o consumidor, traduzindo suas necessidades para o time de desenvolvimento, e buscando entender se suas expectativas serão atingidas. Em uma situação de crise, onde se deseja proporcionar ao consumidor um bem-estar emocional, a sensorial é a ferramenta responsável por levar (através de uma pesquisa conduzida adequadamente) as sensações que almeja.
Portanto, se ao abrir a porta de casa, você sentir uma sensação de “casa limpa” (proteção e segurança), bem-estar ou alegria, proporcionada por aquela fragrância do desinfetante ou limpador recém aplicado, lembre-se que por trás dela, além dos inúmeros profissionais envolvidos, existe ao menos um cientista sensorial que trabalhou para que você pudesse se sentir exatamente dessa forma.